Romper
Paradigmas?
Abrir mão de conceitos há
muito tempo arraigados, fundamentados e aceitos de tal forma que caracterizam
nosso modo de viver e de pensar pode gerar uma angústia muitas vezes difícil de
ser administrada. Em contrapartida, como são provenientes de gerações, esses
conceitos causam uma quebra de paradigmas diante do novo.
Segundo Thomas Kuhn, quando
há esse rompimento de paradigmas, há o que se entende como um período caracterizado
como crise conceitual até o surgimento de um novo paradigma, sólido o bastante
para devolver a segurança perdida.
Tirar as pessoas de um senso
comum e inseri-las numa atitude científica é mexer diretamente com
conhecimentos e informações previamente concebidos, consolidados como
paradigmas, pois se tira, com essa atitude, a base na qual aquela existência
está construída e muitas vezes se mostra disposta a uma nova base, dessa vez
científica, que não se mostra tão sólida quanto a anterior. Há quem diga que são
melhores conceitos científicos, que teoricamente seriam comprovados, do que
premissas passíveis de erros por serem estas nascidas de uma experiência concreta.
Afinal, trata-se muitas vezes de assuntos que influenciam diretamente a
estrutura mental, social e cotidiana dos indivíduos que estão ali inseridos.
Ao mesmo tempo, novas
vertentes teóricas pedagógicas propõe que, ao aluno, seja propiciada a experiência
concreta. Acredita-se que, assim, a assimilação dessa experiência constituiria
na construção do conhecimento. Entretanto, questiona-se, paralelamente, o papel
da escola como mera transmissora de conhecimento. Aqui cabe um questionamento:
o conhecimento do aluno não parte de uma experiência concreta e, portanto, de
um senso comum? Uma vez que a escola não seria mais responsável apenas pela
cientificidade os alunos formarão conceitos apenas baseados em suas
constatações concretas?
Tendo em vista que a escola
pós-moderna não é caracterizada como a detentora e transmissora do saber, mas
sim como mediadora da experiência de construção, ela vem ao encontro, também,
como uma ferramenta necessária para quebra de paradigmas e preconceitos,
articulando as diferentes realidades que contempla, visando uma eficaz
inter-relação e tolerância entre elas. Dessa forma, pensamos que seria a escola
a grande encarregada desse processo de articulação, tão necessário e de difícil
apresentação na sociedade brasileira.
O que não cabe à escola,
portanto, é a atitude de tirar de seus alunos suas bases essenciais, suas
crenças e valores questionando-os levianamente e não apresentar elementos que
possam ser equivalentes àqueles discutidos. Explicamo-nos: cabe ao educador
questionar os fundamentos da fé que professa, apresentando ao aluno o
relativismo que se vive atualmente e não devolver a ele bases sólidas o
bastante para não deixá-lo sem referências humanas? Evidentemente, não se
poderia, tão somente, condenar o aluno ao pensamento fundamentalista e sim apresentá-lo
também outras correntes teóricas para esse pensamento, outras profissões
religiosas existentes e fomentar a capacidade de tolerância com o outro, sem,
no entanto, buscar alterar suas certezas. Se isso ocorrer, de forma saudável e
consequencial, que seja pelo interesse do aluno e como conclusão de sua
capacidade reflexiva.
Por que esse discurso?
Sobretudo, por ser, muitas vezes, a ciência contraditória em seus parâmetros e
conclusões, lembrando que ela segue a ótica de Kuhn, que sugere a eterna
“testificação” de conceitos e certezas científicas. Assim, diante da incerteza
que é a definição do mundo em que vivemos e a razão de ser, devemos, enquanto
educadores, auxiliar nossos alunos no aprendizado de olhar o mundo com olhos de
águia, contemplando o todo, e elaborando os argumentos necessários para
sustentar sua existência.
O que é realmente essencial
na vida? Enquanto esta resposta não estiver construída tornar-se-ão
infrutíferas e vãs quaisquer teorias que se proponham a determinar nossa
maneira de chegar a essa essência.
Por Graziela Oliveira e Rodrigo Gustavo Heckler
Por Graziela Oliveira e Rodrigo Gustavo Heckler
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